sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eclipse - Como dizia Renato Russo, que cresçam logo as crianças


Nunca tive a menor vontade de conhecer os livros da saga Crepúsculo, da autora Stephenie Meyer, mas deixando o preconceito de lado assisti as três adaptações para o cinema dessa que seria a saga do momento, a novela vampiresca teen que se tornou um deleite para o público feminino. Independente de todo poder que o universo vampiresco possa oferecer, Edward Cullen (Robert Pattinson), o mocinho da narrativa, possui o dom que muita gente gostaria de ter, o da juventude eterna, e isso o justifica manter o comportamento adolescente ao longo dos filmes, como continuar estudando numa escola de ensino médio, usar penteado arrepiado adotando a moda dos jovens atuais, e é claro, namorar garotas novinhas, mesmo quando se já tem uns cem anos. Ao menos nos filmes o intervalo entre uma história e outra quase não existe, e Eclipse (David Slade) começa exatamente onde Lua Nova (Chris Weitz) termina, o mesmo se diz para o lançamento entre um filme e outro que foi em menos de um ano, e assim o progressivo amadurecimento dos personagens se dá em câmera lenta. Exceto talvez para um certo ´´menino lobo`` Jacob (Taylor Lautner) que no primeiro filme era simplesmente um amiguinho de Bella (Kristen Stewart), a mocinha da narrativa, uma garota bonita porém simples, interpretada por uma atriz possivelmente escolhida a dedo para que todas as garotas da faixa etária pudessem se identificar. Voltando ao ´´menino lobo``, este cortou os longos cabelos no segundo filme, se revela apaixonado por Bella e assume um estilo pitboy, além de apresentar um lado sensual até então adormecido, se exibindo sem camisa onde que que andasse, com certeza mais um artíficio para despertar a atenção do público feminino. Excelente observação de Edward nesse último filme: ´´Ele não tem camisa?``. Jacob torna-se então um concorrente a altura para seu inimigo natural (vampiros e lobisomens não se bicam) Edward Cullen, dividindo as opiniões das meninas por ele parecer até mais másculo e de aparência latina, ao contrário dos padrões europeus e um tanto ´´frio`` do protagonista vampiro, lembrando a cena em que ele esquenta Bella na cabana durante uma tempestade sob o olhar cabreiro, porém passivo de Edward, em que diz ´´posso esquentá-la melhor do que você``. Sim, o menino lobo parece mesmo um latino, e nós latinos somos ´´calientes``, talvez por isso ele se vire bem no frio sem usar camisa. Independente das chances de cada, é interessante para uma adolescente fantasear a sensação de ser objeto de cobiça entre dois garotos bonitos e de postura heróica.


Claro que a história da saga Crepúsculo não se concentra apenas no triângulo Edward/Bella/Jacob. Tem toda uma guerra envolvida entre clãs de vampiros do mal contra vampiros do bem, ´´vampiros recém criados`` e lobisomens, que afinal não é nada de original, um exemplo recente é a saga Anjos da Noite (Underworld), da mocinha vampira Selene. O que acredito a saga Crepúsculo ser o fenômeno que está sendo (que loguinho vai acabar, diga-se de passagem) é o apelo ao público adolescente feminino. Não imagino como termina a saga, mas seria de bom tom se Bella terminasse sem nenhum dos dois, ou com um terceiro garoto, e talvez Edward e Jacob se tornassem amigos, assim estaria exposto e declarado a realidade dos adolescentes, seu comportamento volúvel, inconstante, nada irreversível. Vai dizer que acredita que uma garota de 18 anos saiba o que é amor eterno a ponto de querer para si passar a eternidade ao lado de uma paixonite adolescente? Edward, por ser um senhorzinho, sabe que é melhor não vampirizar a garota. Bella insiste em entrar para o time alegando que o motivo de sua decisão não é a paixão que sente por ele, mas por se achar esquisita, deslocada no mundo e doida para se filiar a uma tribo, essas coisas que todos nós já dissemos em um momento de nossa juventude. O acordo então é feito, des de que Bella aceite se casar com ele, e assim termina Eclipse. Para aqueles que só acompanham a saga no cinema, ainda teremos Amanhecer, que além de mostrar se o ato será consumado ou não (a provavel vampirização de Bella sutilmente representa a perda de sua virgindade) e o desfecho do romance, apresentará cenas numa ilha do Atlântico, próxima ao Rio de janeiro. Veremos qual será a locação. Talvez Bella se torne a última e a primeira mulher oficial de Edward, já imaginou quantas ´´Belas`` viveram com Edward até que a morte os separaram? Enfim, até que Edward e Bella formam um ´´belo`` casal (olha o trocadilho, hehe). Ambos possuem a pele bem pálida e cara de paisagem.


Outro ponto interessante da saga é o conflito de gerações. Um longo espaço de décadas separa a juventude do casal, e enquanto ela, uma adolescente moderna, pensa em ter sua primeira vez com o namorado, este pensa em pedir sua mão para seu pai antes disso. Coisa até bonita, pois as moças gostam de romance à moda antiga. Mas parece que Edward não andava pensando muito nisso, nem cama o rapaz tinha. Aliás, como pode alguém ficar o tempo todo em alerta, sem descanso, por toda eternidade, mesmo sendo vampiro? Essa e outras qualidades, como sua grandiosa segurança sobre os sentimentos de Bella por ele mesmo que ela beije outro cara a poucos metros à sua frente, mesmo não tendo se mostrado tão heróico nesse filme como nos anteriores, o torna o preferido no coração da mocinha. Tomara que mesmo mantendo a mesma cara e o mesmo jeitão por toda eternidade ao ser vampirizada sua mentalidade amadureça, e que não se arrependa, pois será um caminho sem volta. Quanto a Jacob, já está mais do que na hora do garoto partir para outra.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Shrek Para Sempre - Um claro sinal de que o tempo chega para todos.



A animação do ogro verde da DreamWorks chega a seu quarto e último longa, encerrando a franquia com chave de ouro, em exibições também em 3-d. Iniciada a dez anos atrás, a saga nos dias de hoje não tinha mais direção a tomar. De todos os quatro filmes o que mais gosto é o primeiro, aliás, de tão saudosista que sou, o início continua para mim com um sabor especial, um sabor de novidade, que resiste às mudanças e forçações de barra das continuações. Mas assim como o espectador, os personagens da ficção também crescem, se reproduzem e morrem. Shrek, como todo ser vivo, não resiste ao avanço do tempo e nunca mais foi o mesmo. Casou-se, teve filhos, fez amizades e embora continue vivendo no pântano tornou-se atração turística e motivo de chacota pelos aldeões que costumava assustar anos atrás. Inevitavelmente o tempo chega para quem quer que seja, para personagens de desenhos animados, para criaturas que vivem no pântano e para o espectador, que talvez nem todos que assistiram o primeiro se interesse pelas sequencias atuais, a não ser levando em conta as modernidades de hoje em dia que influenciam as animações tornando-as mais atraentes para os adultos, como críticas sociais, uso do politicamente incorreto, humor ácido e negro e conotações eróticas, e no caso de Shrek a desconstrução das fábulas infantis, um dos principais ingredientes da saga. E há aqueles que ´´cresceram`` acompanhando o ogro no cinema, um dos raros produtos de animação para toda família que não é politicamente correto e nem leva o nome Disney, provando que uma nova era do mercado de animação se inicia. Para mim, Shrek Para Sempre foi a melhor sequencia. Algumas animações se sustentam sozinhas, como Monstros S. A, que se alguém tentar estender acaba estragando, mas foi interessante ao menos apresentar as marcas do tempo na turma do ogro da DreamWorks, se pensar que algumas continuações não levam a lugar nenhum, e Shrek chegou ao seu clímax criativo. Seu derradeiro último longa ainda acrescenta dois elementos novos, uma espécie de viagem no tempo/ realidade alternativa e exibições em 3-d.


Shrek (Mike Myers) enfrenta uma crise de rotina com sua mulher Fiona (Cameron Diaz), com seus três filhotes gêmeos, e com os amigos Burro (Eddie Murphy), sua mulher dragão e seus filhotes (animais esquisitos, mas fofos, meio burros meio dragões) e o gato de Botas (Antônio Banderas), que assolam sua casa e aprontam a mais pura bagunça. O ápice se dá no primeiro aniversário dos gêmeos, onde Shrek se sente como uma espécie do dinossauro rosa Barney e se desentende com todo mundo. Shrek acaba conhecendo o picareta Rumpelstiltiskin que promete fazer o ogro verde voltar a ser o monstrinho feliz e solitário de antes, e pede em troca um dia de sua vida. E assim o malandro pega o dia de seu nascimento, fazendo com que o ogro nunca tivesse existido para atrapalhar seus planos, e o reino de Tão Tão Distante acaba em suas mãos, tornando- o um verdadeiro caos. Alguém lembra de De Volta Para o Futuro? Uma Fiona guerreira, porém bonita e charmosa, embora ainda em sua versão ogra, reúne um exército de ogros para lutar pela liberdade dos grandiosos seres do pântano. Destaco como pontos altos desse último longa o garoto apático que falava ´´faz um urro`` que me lembra um garoto que conheci, e que com o evoluir do tempo (mais uma vez ele) saiu da minha vida, ainda que o tivesse conhecido já na faculdade, o flautista de Hamelin em sua versão malígna, as bruxas referência de O Mágico de Oz, a observação da semelhança e diferença entre um ogro e um troll, um Gato de Botas preguiçoso e acomodado, e outros da espécie de Shrek, que afinal, nos faz ver que ele não era nem tão imenso nem tão terrível assim.

No final, ficamos com a mensagem: Como o tempo é inevitável e impiedoso, temos duas opções; Tentar manter a todo custo nosso estado bruto embora isso signifique anular nossas conquistas e experiências, ou aproveitar com bom humor e levar na flauta as mudanças que o tempo nos traz. Os últimos minutos ainda trazem uma melosa cena digna de novela das oito, seduzindo mais os adultos do que os pequenos. Parece que agora sim podemos dizer que Shrek e família viveram felizes para sempre.
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